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Canetas (Revolução preto e branco)

 

 

Desde o início procurei por materiais que pudessem traduzir o meu mundo, mas de todos os materiais nenhum conseguiu com tanta clareza quanto a caneta, a simples e velha caneta. Lembro quando criança eu descartava os lápis e desenhava com caneta BIC, a idéia de não poder apagar pode ser um fator interessante, pensar no erro como só um caminho que se abriu inesperadamente me fascina, descobrir algo novo no erro me surpreende e encanta. Nunca gostei da idéia de usar apenas um material, mas passei por uma fase em que achava a caneta imprópria para desenhos, ou um instrumento usado apenas para quadrinhos, talvez por não ver desenhos a caneta feitos por grandes mestres. Preconceito meu que mudou em 2007, a caneta veio junto com a mudança de cidade (de Pirassununga SP para Maringá PR) o fato de não poder pintar ajudou no nascimento da idéia de desenhar a caneta, e me conquistou de uma forma tão forte que abandonei todas os outros materiais por quase dois anos, experimentei as cores mas o que ficou mesmo foi o preto e branco, e a semelhança com a gravura me atraia cada vez mais, abri a cabeça para períodos antigos da história da arte como arte africana, arte grega, arte egípcia e arte indiana. Com a descoberta da arte indiana veio também descoberta da arte psicodélica, somado ao surrealismo, combinado com a da forma e o traço marcante senti mais forte que havia dois caminhos, o esboço a lápis, e o traço direto com a caneta, com o esboço veio a idéia de pensar na composição do desenho, como organizador dos elementos, as formas mais simples como quadrado ou o triangulo organizava os elementos do desenho, assim a arquitetura e escultura passou a ser mais interessante e o cubismo passou a ficar mais claro. Sem o esboço a lápis vem a liberdade, a descoberta, o inesperado, a mensagem direta da mente para o desenho criando uma atmosfera próxima de ilusões ou sonhos. Mais tarde, em 2009 nasceu “O Museu do Tudo”, um desenho feito em três partes de papel A2 que se juntam e formam uma sala, nesse desenho grande somou tudo que se passou na época, as influências novas, o esboço, a forma, e o mais importante: a caneta. O ano de 2011 voltei a fazer desenhos grandes, o papel grande intimida, mas também inspira a fazer cada vez mais a preencher os espaços, colocar novas formas, outros rostos, animais, elementos quase teatrais, e em alguns casos até texto. Revolução pessoal que resultou em duas mostras: Museu do Tudo(2008) e Múltiplos (2009). A caneta foi a volta a infância, uma volta ao tempo e um avanço, enfim a minha revolução.

Iluminar

2013

Caneta s/ papel

Forma

2008

Caneta s/ papel

Espanto (O sonho noturno)
2008
Caneta s/papel

  Os desenhos feitos com esboço, a lápis e finalizados com caneta (Forma e espanto) e o desenho sem esboço, feito diretamente com caneta (iluminar).

RM

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